Nós, católicos, muitas vezes somos acusados de idolatria, pois segundo alguns irmãos protestantes, adoramos imagens. Acusação, esta, sem nenhum fundamento.
Idolatrar significa "amar excessivamente, adorar" (dicionário aurélio), ou seja, prestar a uma criatura o culto de adoração que devemos somente a Deus. Portanto quem não coloca Deus acima de tudo. O pensamento e ação católica sobre essas acusações podem ser facilmente percebidas ao ler o Catecismo da Igreja Católica (CIC):
2012. O primeiro mandamento condena o politeísmo. Exige do homem que não acredite em outros deuses além de Deus, que não venere outras divindades além da única. A Sagrada Escritura está constantemente a lembrar da rejeição dos <<;ídolos, ouro e prata, obra das mãos do homem, que >>; têm boca e não falam, têm olhos e não veem...<> (Sl 115,4-5.8). Deus, pelo contrário, é o (Js 3,10), que faz viver e intervém na história.
É nesse contexto que o Catecismo fala da relação dos
católicos com as imagens. Assim ele diz:
IV. «Não farás para ti nenhuma imagem esculpida...»
2129. Esta imposição divina comportava a interdição de
qualquer representação de Deus feita pela mão do homem. O Deuteronómio explica:
«Tomai muito cuidado convosco, pois não vistes imagem alguma no dia em que o
Senhor vos falou no Horeb do meio do fogo. Portanto, não vos deixeis corromper,
fabricando para vós imagem esculpida» do quer que seja (Dt 4,15-16). Quem Se
revelou a Israel foi o Deus absolutamente transcendente. «Ele é tudo», mas, ao
mesmo tempo, «está acima de todas as suas obras» (Sir 43, 27-28). Ele é «a
própria fonte de toda a beleza criada» (Sb 13, 3).
2130. No entanto, já no Antigo Testamento Deus ordenou ou
permitiu a instituição de imagens, que conduziriam simbolicamente à salvação
pelo Verbo encarnado: por exemplo, a serpente de bronze (61) a arca da Aliança
e os querubins (62).
2131. Com base no mistério do Verbo encarnado, o sétimo
Concílio ecuménico, de Niceia (ano de 787) justificou, contra os iconoclastas,
o culto dos ícones: dos de Cristo, e também dos da Mãe de Deus, dos anjos e de
todos os santos. Encarnando, o Filho de Deus inaugurou uma nova «economia» das
imagens.
2132. O culto cristão das imagens não é contrário ao
primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. Com efeito, «a honra prestada a uma
imagem remonta (63) ao modelo original» e «quem venera uma imagem venera nela a
pessoa representada» (64). A honra prestada às santas imagens é uma «veneração
respeitosa», e não uma adoração, que só a Deus se deve:
«O culto da religião não se dirige às imagens em si mesmas
como realidades, mas olha-as sob o seu aspecto próprio de imagens que nos
conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto
tal não se detém nela, mas orienta-se para a realidade de que ela é imagem»
(65).
Quem, portanto, não coloca a Deus como valor supremo de sua
vida, não apenas nega a adoração exclusivamente a Ele devida, como também
prejudica a si próprio. Por isso Deus ordenou no primeiro mandamento de sua
Lei: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da escravidão.
Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20,2-3). Do mesmo modo o Senhor
Jesus, quando repeliu o demônio que o tentava, repetiu o preceito: “Adorarás o
Senhor teu Deus, e só a Ele servirás” (Mt 4,10).
Todavia, se devemos adorar somente a Deus, isso não
significa que não devemos honrar seus santos e anjos. O mesmo Deus
que ordenou que adorássemos só a Deus, também mandou honrar os pais (cf Ex
20,12), as autoridades públicas (cf. Rom 13) os nossos superiores e as pessoas
mais idosas. Prestar honra a essas pessoas, simples criaturas, em nada
prejudica a adoração devida exclusivamente ao Criador. Se devemos honrar os governantes deste mundo, quanto mais Seus anjos e santos? Foi por isso que Abraão prostrou-se diante dos
três anjos que lhe apareceram em forma humana, para anunciar o nascimento de
seu filho Isaac (cf. Gen 18,2).
A Igreja Católica e a Sagrada Escritura ensinam que desde o início até
a morte a vida humana é cercada pela proteção e intercessão do anjo da guarda:
“Eis que eu enviarei o meu anjo, que vá adiante de ti, e te guarde pelo
caminho” (Ex 23,20). Pela invisível assistência dos anjos, somos preservados de perigos todos os dias, tanto da alma como do corpo. O Senhor Jesus advertiu que não se devia dar
escândalo aos pequeninos, porque “seus anjos nos céus vêem incessantemente a
face de seu Pai, que está nos céus” (cf. Mt 18,10). Se os anjos contemplam a
Deus sem cessar, por que não seriam merecedores de grande honra?
Também o culto aos santos, longe de diminuir a glória de
Deus, lhe dá o maior incremento possível. Canta a Virgem Maria no Magníficat
que “o Poderoso fez em mim maravilhas” (Lc 1,49). Quando honramos retamente um
santo, proclamamos as maravilhas que a graça de Deus operou na vida dele. Como
se diz no Prefácio dos Santos, “na assembléia dos santos vós sois glorificado
e, coroando seus méritos, exaltai vossos próprios dons”. A santidade que
veneramos nos homens santos é dom do único Santo. Honrando os santos,
glorificamos a Deus que os santificou.
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